sábado, 27 de novembro de 2010

Uma Volta em Sampa

Os fãs de ficção científica no Brasil perdem muito o seu tempo ao tentar imaginar planos mirabolantes para o tele-transporte ou a busca por mundos paralelos; temos São Paulo tão perto.
Eis que a terra da garoa é mais que uma cidade, é um complexo, onde pode-se ouvir do japonês ao hebraico, como realmente eu ouvi hoje.
Deixe-me dividir com vossa mercê pequenas observações de algumas andarilhanças por essa terra de loucos.
Ao começar, o que é ir para São Paulo sem ao menos pegar um pequeno engarrafamento? Os moradores desta metrópole já desenvolveram uma forma de dirigir própria, algo entre formula 1 e fazer trilha. E ao passar de certas ruas se observa a criatividade de verdadeiros artistas circenses que sobrevivem dos pequenos trocados no sinal.
Ao chegar à vaga se encontram estes que são verdadeiros imperadores do lugar, os chamados flanelinhas, sabiamente te convencem que o carro está seguro e buscam modificar o preço combinado no final. Apesar de o nome ser no diminutivo muitos desses são gigantes que buscam te intimidar para pegar seus trocados (por isso um alerta não deixe óbvio que você está com colegas em outro carro, principalmente se estes vão ir embora antes de você).
E mal foram as desventuras dessa pequena introdução comparadas a todas as loucuras ao ver a potencialidade de bandidos e comerciantes neste local (sendo muitas vezes confuso identificá-los)
Estes fazem de tudo, se vestem de cacatuas, celular, vídeo-game, usam de frases inspiradoras (punhal pra chifre de corno é mais barato), algum buscam até da intimidação, mas os mais cruéis são os bons vendedores. Inteligentes e ardilosos eles te convencem que o produto deles é bom e original, apesar de você ler claramente “Nique”, e além do que você está procurando, fazem você levar mais trinta porcarias inúteis.
Sim graças a essa especialidade mostruosa demonstrada por eles (que geralmente não são japoneses, pois essa etnia geralmente detesta pechinchar) você acaba por gastar seu dinheiro tão suado.
É engraçada a arte das pessoas de espremerem em cubículos onde circula pouco ar simplesmente na ância de gastar objetos mais em contas e ainda mais esta época sustentar o que está se tornando uma comemoração pagã e sem sentido (como o aniversário), as pessoas ainda gostam de comemorar sem apreciar o que está sendo representado.
Muitas caras e bocas você pode apreciar nessa pequena ronda para gastos, e em cada esquina um cidadão marginal da sociedade você encontra, interessante é que na maioria das vezes eles estão realmente invisíveis, sendo que alguns se vestem de maneira que parece até ser um figurino os trapos que eles estão usando. E mais ainda as pessoas deviam observar esses olhares vagos (principalmente porque alguns estão são buscando um desavisado), eles têm uma expressão de alma fabulosa; naqueles olhos puros que sofrem muito nos deixam incomodados, e os incomodados deveriam agir de alguma forma.
Este parágrafo gostaria de dedicar ao Mercadão Municipal, pois é realmente um lugar fantástico (apesar do maldito caixa que bloqueou o meu cartão), dotado de uma arquitetura belíssima e um espaço arejado, com a receita original do mega lanche de mortadela, o Mercadão se destaca de toda a 25 de Março.
Trata-se de um lugar onde eu observei gente de muito bom gosto e especiarias deliciosas, fora de lá apenas uma venda de árabes (com direito ao Alcorão na venda) me chamou tanta atenção. Admito que minha genética me incline ao consumo gastronômico, mas sai de lá realmente admirado, cheguei a comprar frutas que desconhecia a existência, além de morangos que tenho que cortar para comer.


Agora o que mais me admira de fazer um passeio maravilhoso desses é o mau humor que resta gerado pelo cansaço, afinal para quem nasce no interior o ritmo dessa bela cidade e extremamente frenético.

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