quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Entra na Roda

Ao pensar em danças de rodas certamente vem à cabeça as músicas infantis e as velhas cirandas, como uma lembrança distinta e perdida no passado.
A ciranda, apesar de não ser uma prática contemporânea, não é só uma dança de crianças. Acreditasse que ela foi criada na Europa, mas ao chegar aqui tomou emprestado um pouco das culturas indígenas e africanas. José de Anchieta mostrava aos índios e esses misturavam um pouco de sua musica nas danças.
Como curiosidade vale saber que a palavra “ciranda” vem de “zaranda”, um termo espanhol que significa instrumento de peneirar farinha. A “zaranda” por sua vez vem da palavra “çarand”, é o mesmo significado, só que em árabe. *
As danças de rodas foram e ainda são uma das formas mais presentes de dança, é possível e bem visível em estádios notar os torcedores em uma forma de dança aos pulos das arquibancadas e cantando seus hinos de uma forma um tanto catastrófica pela falta de organização.
Nas baladas também é bem visível um conjunto de adolescentes, também em total desarmonia, se movimentando ritmicamente, com algumas poucas músicas coreografadas que fazem entrar em sintonia.
É curioso que essa dança universal pode transmitir energias diferentes dependendo da cultura.
Ao notar as danças nipônicas vê-se nelas um processo de relaxamento muito gostoso, apesar de algumas coreografias serem movimentos criados a partir dos trabalhos rurais e das casas. A paz transmitida nessa dança se mostra pelos movimentos leves, no toque e canções típicas desses orientais.
Entrando nas danças africanas sentimos um frenesi como se recordássemos o instinto animal fluindo na nossa pele ao som dos maracatus, cocos, reisados,...
Já a dança indígena que mesmo em comemorações tem um cunho religioso muito interessante, é uma espécie de transe que nos colocamos. As danças indígenas em sua maioria saúdam a terra, a taba-mãe, em ritmo crescente até voltar a acalmar novamente. Infelizmente o número de brasileiros que experimentam e experimentaram essa dança nativa de nossas terras são muito poucos, uma dança com uma energia tão forte não deveria ficar esquecida nas paredes de um museu.
Mesmo nas das danças atuais a um sentimento, eu não sei se o sentimento de desligamento de tudo serve só para mim, mas creio que é geral.
Ao contrário das danças populares as raves e baladas não criam uma sensação única e exclusivamente pela música, nelas entram aspectos como ambiente, luzes e o próprio volume das musicas que tocam batidas constantes com pequenas variações de ritmos.
A dança na verdade é um complemento da comemoração e a roda é formada para que todos se tornem iguais naquele meio, mas cada espaço e cada estilo têm a sua força, sua energia, sua cor. Afinal se é para falar de energias em roda até a “ola” de estádios de futebol pode ser contado.

Um comentário:

  1. A dança acaba por ser uma espécie de ritual. Seja aqui ou no outro lado do planeta, cada qual à sua maneira!

    Realmente, é um dos poucos momentos em que se pode esquecer de tudo e somente curtir o momento. Claro, desde que todos os integrantes de determinada roda estejam na mesma sintonia.

    No caso da balada, como você citou, eu acrescentaria que além de toda a ambientação que é criada, nem sempre consegue-se fazer parte daquele ambiente. Simplesmente porque nesses casos, a meu ver, o objetivo quase nunca é a dança em si, mas sim o desejo de conquista (pense numa garota interessada em um cara).

    Mas fora isso, felizmente na grande maioria das culturas - nos poucos momentos livres das amarras da globalização - a essência da dança prevalece. É como você disse ao decorrer do texto: ela [a dança] não é uma prática contemporânea. Mesmo assim, ela está inserida nos dias atuais! Uma das poucas felicidades, se tratando de tradições culturais!

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